Já
li por aí que a vontade de viajar pode estar em nossos genes e ser hereditária.
Ok, pode ser que seja verdade, mas enquanto não for provado, vou trabalhar com
a ideia que essa é uma característica que pode ser adquirida por algumas
pessoas ao longo da vida. Mas quando despertei meu interesse por viagens?
Me
lembro muito bem a primeira viagem que fiz sem meus pais ou algum parente
próximo e os sentimento que ela me despertou. Foi aos 10 anos de idade quando
eu estava na 4ª série. Naquela época minha escola organizada viagens de
formatura para as 4ª e 8ª série e 3º colegial. O sonho de quase todos da escola
era chegar até a 8ª série para ir para a Disney (isso em uma época em que o
dólar quase equivalia ao real), mas eu ainda estava na 4ª série, a formatura
chegando mas o que mais passava em nossa cabeça não era a festa e sim a viagem.
O destino? Poços de Caldas, um lugar que por sinal eu já conhecia. O tempo? Apenas
3 dias, curtindo o fim de semana. Mas nada disso importava, nem o lugar e nem o
tempo, eu queria mesmo era passear com meus amigos, afinal não era uma simples
excursão de bete-e-volta, dormiríamos por lá... uall, que máximo.
E
minhas expectativas não foram em vão. Para falar a verdade eu não me lembro
muito bem tudo que fiz por lá. Lembro que ficamos no hotel fazenda Village Inn,
curtíamos a piscina, o playground e as quadras. Nada demais, mas achávamos o máximo! Para nossa
sorte, bem em frente ao hotel havia um parque de diversões até que grandinho e
durante a noite nossas professoras nos levaram até lá. Na volta passamos também
numa fábrica de cristais e aprendemos como ela funcionava. Foi um fim de semana
bem agradável, simples mas que pra uma criança de 10 anos fez toda a diferença.
Não
sei como os outros reagiram, mas eu voltei dessa viagem diferente. Por mais que
não lembre detalhes da viagem, me lembro o sentimento que ela me causou, a
vontade de voltar pra lá. Por mais de dois meses fiquei na cabeça dos meus pais
tentando convence-los a ir para lá nas férias que estavam chegando. Tudo que eu
queria era mostrar para eles aquele local que na minha cabeça era incrível.
Hoje, vejo que essa viagem foi o começo de tudo. Claro que pouca coisa mudou
depois dela, pois até eu fazer minha segunda viagem do tipo demorou mais 4 anos
(posteriormente faço um post sobre ela), mas então por que ela foi tão
marcante?
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Foi nesse momento em que tive um sentimento de LIBERDADE, que é uma das coisas que mais me movem em minhas
viagens: naquela época a liberdade de viajar sem os pais, hoje a liberdade
infinita de sentir o mundo (ou parte dele) como parte de meu ser.
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Foi naquela viagem que percebi como uma viagem pode ser ENRIQUECEDORA, naquela época aprendi sobre como funcionava uma
fábrica de cristal, hoje percebo que cada cidadezinha tem uma história e uma
cultura infinita para ser descoberta e explorada (e nem que você volte para a
mesma cidade 10 vezes vai conseguir aprender tudo que ela tem para oferecer).
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Foi naquela viagem que senti e ampliei o sentido da palavra AMIZADE e COMPANHEIRISMO: naquela época era divertido estar com todos os meus
coleguinhas de sala compartilhando os melhores momentos da minha vida até
aquele dia, hoje esse sentimento se expande para cada cantinho que vou, e mesmo
quando viajo sozinha consigo perceber o quanto o mundo é bom, pois as pessoas
que encontro no caminho na maioria das vezes se disponibilizam a ajudar, o que
aumenta meu sentimento de esperança em um mundo melhor.
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Lá percebi também como uma viagem pode nos trazer novas amizades. Infelizmente não
tenho nenhum contato das pessoas que conheci (em uma época em que poucos tinham
acesso a internet era mais difícil manter o contato), peguei o telefone mas
depois de um tempo nunca mais telefonei. Tá, não foram amizades duradouras, mas
foram amizades que naquele momento foram importantes e que marcaram a minha
vida, pois foi com esses “novos amigos” (incluo aqui os guias do hotel) que
aproveitamos a viagem. Hoje, uma das coisas que mais valorizo é a criação de
amizades com pessoas em diferentes cantos do Brasil ou do mundo, adoro conhecer
pessoas novas e aprender mais sobre suas culturas, e sim, em poucos dias
algumas pessoas tornam-se irmãs afinal é com elas que você está convivendo, e
manter contato hoje é muito mais fácil.
Pode
ser que a vontade de viajar seja mesmo hereditária, uma vez que minha avó
também gostava muito de dar seus “rolezinhos”, não sei se já nasci com essa
vontade e ela apenas foi despertada aos meus 10 anos; não sei se essa primeira
viagem criou em mim esse sentimento. A única coisa que sei realmente é como
essa viagem me marcou.... hoje tenho 28 anos e apesar de não lembrar
perfeitamente da viagem, me lembro muito bem dos sentimentos que tive,
sentimentos que voltam a cada viagem que faço e a cada lugar que conheço.
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